Este é um artigo que escrevi tem alguns anos já, achei ele perdido em meio a minhas coisas e resolvi postar.
Uma das coisas mais fáceis de acontecer em nossa existência é perder o sentido da vida. Não raras vezes somos tomados por essa sensação de que o que estamos fazendo não nos preenche; temos a sensação de que a nossa vida está padecendo de um sangramento, de um vazamento incontido de sentido, de significado e razão suficientemente forte para viver. A maioria sente que está andando em círculos, numa espiral que vai sempre para baixo. Os relacionamentos não mudam, a vida não muda, nada dá certo, nada vai para frente – parece que estamos sempre no contra-fluxo da felicidade.
O texto acima referenciado nos fala de um homem que um dia se viu em tal situação. Seu nome é Jonas. A história de Jonas é a história de um homem que perdeu o sentido da vida. Um homem sem eixo, sem centro, sem perspectiva – literalmente jogado de um lado para o outro pelas ondas da vida. O perfil de Jonas é o de alguém que perdeu o sentido da vida, pois: a) Jonas é um homem em queda livre. Jonas só consegue descer na vida. Ele desce para Jope, desce para o fundo do navio, desce para as profundezas do mar. Ele está em queda livre, em decadência, ele está descendo, ele só consegue descer, sua trajetória é sempre para baixo; b) Jonas é um homem na contramão da história. Ele está na contramão de Deus; tomou o caminho errado, entra no contra-fluxo. Tudo sai errado, tudo parece estar contra ele, nada dá certo: o barco não anda, o vento é contrário, a sorte não está a seu favor. Jonas está navegando no contra-fluxo de Deus; c) Jonas é um homem em processo de autodestruição.
Jonas se voluntaria, se predispõe a morrer. Ele diz: “tomai-me e lançai-me ao mar…” – a morte é a sua primeira opção. Sem perspectiva, ele desiste de tentar, de lutar, de crer.
O que fazer quando tudo na vida perde o sentido e nós ficamos à deriva no mar de nossa própria desesperança? A história de Jonas nos mostra algumas atitudes que o levaram a esta situação e nos ajudará a entender os processos que levam nossas vidas a tal:
1. Jonas perdeu o sentido da vida quando achou que a solução dos seus problemas vinha de fora e não de dentro de seu coração. Ele acreditou que aliviando as cargas do navio resolveria o problema (tal era a confiança de Jonas que ele se deita e dorme). Mas não resolveu. Cada vez o mar se agitava ainda mais. Por que? Porque a solução para o problema de Jonas não estava em mudar as circunstâncias externas, mas em mudar o seu coração. O problema não era a tempestade, o excesso de peso do navio, a força dos ventos ou a voragem das ondas – o problema era o seu coração. Um coração rebelde, obstinado em fazer a sua própria vontade. As circunstâncias eram apenas um reflexo da atitude do seu coração desobediente. Era preciso mudar o seu coração.
2. Jonas perdeu o sentido da vida quando ele, sabendo da verdade, preferiu persistir no erro. Jonas preferiu morrer a mudar de atitude. Em outras palavras, ele estava dizendo: “podem me jogar na água, mas eu não mudo, não volto atrás”. Persistiu no seu erro até as últimas conseqüências. Isto é trágico. Muitos perdem o sentido na vida em razão dessa atitude. Sabem da verdade, mas preferem, optam por caminhar no erro até darem (como Jonas) nas profundezas do abismo escuro de suas próprias decisões.
3. Jonas perdeu o sentido da vida porque foi incapaz de perceber que aquele contra-fluxo da vida era o contra-fluxo de Deus. Jonas não percebeu que aquela ladeira existencial, aquele vento contrário – tudo dando errado – era Deus dizendo: “pare”. “mude de direção”. Mas o profeta fujão não atinou para essa verdade: que quando entramos no contra-fluxo da vida e as coisas não estão indo a lugar nenhum talvez seja porque estamos na direção errada, estamos na contramão de Deus, damos (consciente ou inconscientemente) num caminho que será a nossa própria destruição e Deus está dizendo “pare”, “volte”. A vida só tem sentido quando somos habilidosos em compreender as “sinalizações” de Deus que servem para nos aperfeiçoar; caso contrário, a vida se torna um tremendo absurdo.
Quem sabe nós não estejamos como Jonas, sem eixo, fora do centro, sem perspectiva – sem sentido para a vida. Talvez seja hora de entendermos e deixarmos para trás os mesmos processos que acabaram por tornar a vida desse homem um desastre e o jogaram no abismo das profundezas do mar.
Abraços Fraternos!!